quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Sabes como é que é...

Nunca se sabe ao certo. Pode ser uma interrogação ou uma afirmação. "Sabes como é que é?" ou "Sabes como é que é..." - As pessoas têm uma relação bigâmica com estas frases gémeas.

João encontrava-se muito alcoolizado no meio de Lisboa e não sabia o que fazer. Precisava de voltar para casa e não sabia como, tinha perdido as chaves do carro. Depois de vomitar pela terceira vez, assaltou um camião e foi a conduzi-lo para casa. Ainda sujou um carro, ao vomitar pela janela num semáforo, mas lá chegou a casa.

Espetou-se contra a entrada do prédio, partindo as portas. Saiu do camião e lá conseguiu entrar. Nesse momento, cruzou-se com o seu pai, Jesus, um fantástico agente da autoridade.

Boquiaberto, não podia praguejar em frente ao seu filho porque isso iria contra a sua educação.

João só disse:

"É pá, estava no meio da cidade todo bêbado e perdi as chaves do carro." - depois de uma pausa, disse a tal frase: "Sabes como é que é..."

E teve sorte. Na sua cabeça, Jesus ouviu bem mais. Ouviu: "Sabes como é que é estar no meio de Lisboa e ter que voltar para casa de autocarro? Eles não desinfectam os bancos. É tão impossível como urinar fora de casa. Aliás, tenho que ir à casa de banho."

Jesus, pensando assim, apenas disse: "Vai lá, vai lá." - e saiu do prédio, contornando o camião.

E ainda não se sabe se João não estava simplesmente a pensar: "Sabes como é que é conduzir um camião?" ou "Sabes como é que é, quando se vomita para cima das chaves do carro, um gajo tem que se safar..."

Não se sabe, não se saberá, e não há lei que impeça esta poligamia linguística

1 comentário:

Anónimo disse...

uma frase mágica, de facto. é como o «se queres que te diga...»

angel