Num dia de manhã levanto-me e saio de casa. Há um buraco no passeio. Não o vejo e caio nele.
No dia seguinte saio de casa furioso com uma pá. Fui tapar o raio do buraco. Consegui, correu bem, mas perdi três autocarros no processo e já não consegui entrar no estúdio.
Ao 3º dia saio de casa bem-disposto. Apetece-me passear, perder-me, distrair-me. Correu bem.
Ao 4º dia não saio. Reparei que estava a perder a razão e a memória. Já nem sequer sabia o diccionário de checo-turco-medieval de cor. Pensei que, aos 60 anos, e sem os excessos da juventude, isto não acontecesse.
Ao 67º dia saí de casa. Tinha decidido correr. Não consegui sair dos degraus.
Ao 7º dia saio de casa e dou-me conta de que, no meio disto tudo, se calhar perdi mesmo a noção das contas e das horas. Saí às três, a pensar em apanhar sol, e afinal estava de noite.
1 comentário:
67.º dia?
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