Não sei por onde ir. A porta da esquerda, a da direita, ou ainda haverá aí outra escondida? Não sei. Sento-me, tranquilo, no chão e continuo a interrogar-me. E sim, em interregno. Não vou ter com a Marta, das flores, que sempre prepara uns embrulhos terríveis, mas que nunca são devolvidos porque fico distraído com um sorriso magnânimo. Logo no dia em que ela se lembrou de me combinar para um café, decidi parar para pensar. Para pouco fazer. Para nada fazer.
Para ter calma e pensar no pormenor recôndito relacionado com um medo que vem dos tempos felizes de uma infância distante. Já é normal, o hábito de olhar para trás para ver se estou a ser seguido; aceitável, esfaquear quatro vezes o peixe antes de começar a comer... Mas não fazer nada por querer que tudo saia perfeito? Assim? Assim não faço nada. Tenho sempre medo que do tecto caiam tentáculos do passado que lixem tudo.
Portanto, sem força para agir, sento-me. Onde? No chão. No sítio mais longe do tecto que não tenha ratos. Pelo menos, ando sempre com a fisga e com um livro atrás. Até aos 32 anos, só treinava com a fisga. Se aparecesse algum polvo...
Agora, trago sempre um livro fantástico comigo? Para quê? Para ver se passo o tempo, se aprendo alguma coisa no marasmo. Não há de se passar nada. Espero que não, este não consigo atirar com a fisga.
Sem comentários:
Enviar um comentário