domingo, outubro 11, 2009

Vício. Viciante. Viciado.

Estas palavras têm algo a ver comigo.

Há vícios que se exterminam. É estranho. Parece que sempre fez parte de mim. E depois... escapuliu-se.

Foi estranho. Só reparei que já não roía as unhas quando me cocei com muita força. Parece que apanhei um táxi para um universo em que tudo está igual, mas não roo as unhas.

Viciante é uma palavra que não atribuía a mim, mas outros o fizeram, daí falar no assunto. Talvez por causa de um vício, que será talvez contagiante. Estou agora viciado nisto que está à vossa frente. A escrita. Será que penso no assunto dois dias antes, e reflicto que aquilo realmente merece passar para o papel? Claro que não. Escrevo porque me faz bem. Quando não escrevo, sinto-me estúpido, burro, inútil.

Mas porquê viciante, ainda assim? Deve ser o montro que há dentro de mim, e sai cá para fora, de tempos a tempos, em palavras, escritas ou, por vezes, faladas. Deve ser isso.

Ainda assim, não acredito muito nisso. Até gosto de mim, mas, de tempos a tempos, gostaria de tirar umas férias de mim próprio, e não posso.

Viciante não me soa real. Viciado, sem dúvida. E já conheci mais uns quantos.

De quando em vez, lá vem a conversa da ressaca:

«Já não escreves há quanto tempo?», «Não tens escrito, pois não?» ou «Já escreveste, desde...?»

Claro que as perguntas mudam muito, de vício para vício.

«Meteste quantos gramas?» - surge, em conversas entre toxicómanos (aqueles assim definidos pelas notícias e pelas leis).

Mas ninguém pergunta quantas palavras é que escrevi antes de jantar. Era só o que faltava, ir contar as palavras...

Escrevo porque sempre faz a serotonina saltar no meu cérebro (é o que todos os vícios fazem, não é?). sabe bem e é barato. O lado mau é conhecer melhor os meus podres, e escrever merda tantas, tantas, tantas vezes...

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