sexta-feira, julho 20, 2012
por vezes, a política inspira
Privado do prazer da condução, lá fui triste para a paragem do 28. Chegou rapidamente, coisa de que não estava à espera, e, ainda que estivesse quase cheio, lá estava um lugar à minha espera. Começou, assim que me sentei, uma viagem complicada. À minha frente, estava uma mulher especial... Asiática, muito esguia, com fantásticos e inesperados olhos azuis (dirão que eram lentes de contacto, mas estive a olhar com muita, muita atenção para eles, e apostaria na sua autenticidade), uma farta cabeleira encaracolada que só me fez pensar na minha própria juba, quando o cabelo me chegava ao rabo, e um voluptuoso par de mamas digno de uma escandinava de 2 metros, prenha.
Os meus olhos passaram pela sua figura pela ordem da descrição, e, no fim, fiquei preso naquelas montanhas tão belas, tristemente tão tapadas, tão apetecíveis... Onde sonhava encostar a minha cara nem que fosse por um segundo para encontrar alguma paz nesta viagem infernal... Em nada mais pensava. Ouvia o autocarro a acelerar e a travar, a abrir as portas, e eu só entrava para dentro daquele decote. Talvez simplesmente porque nunca estive com uma mulher com silicone, e "aquilo" não podia ser natural.
De repente, oiço um guincho infantil:
– O que é aquilo?
Não sei porquê, mas fez-me tirar os olhos das desejadas, e olhei para uma miudinha dos seus cinco anos a apontar para mim. Ia começar a sentir-me ofendido, eu não sou um "aquilo", sou uma pessoa, foda-se, detesto andar de autocarro, mas percebi que ela estava a apontar para o meu mastro, que, a saudar tão apetecível companhia, decidira assumir uma postura um pouco mais agressiva, como a dos pássaros a engatar as pássaras – isto de usar calções no verão... –, foda-se, um saco em cima da pila, a mãe da miudinha a dizer-lhe para olhar para o outro lado enquanto continua a olhar para mim com nojo – pois, pois, gostas pouco, gostas – e a mamalhuda à minha frente só a ler mensagens, sem ligar à homenagem que eu lhe fiz no meio da puta do autocarro...
Saiu antes de mim, e estava petrificado, não consegui ir atrás dela, a visão do rabo dela deixou-me esmagado na cadeira. Foda-se, nunca tenho coragem, nem timing... E estamos em crise, bem que precisava que alguém me desse uma equivalência num bacharelato ou merda semelhante em relações internacionais.
sexta-feira, março 30, 2012
Às vezes, torresmos.
Maquinalmente, movo-me, e consigo por os pontos nos is, mas nem uma vírgula acerta no poiso adequado. Ruidosas montanhas rodeiam o árido deserto em que pela água anseio, mas tudo seca, decrépito. O belo criado na véspera para parte incerta se escapou; até as notas se enganam nos meus ouvidos, e o mais prodigioso intérprete tortura os meus tímpanos a cada acorde.
Nada faz sentido, tudo me oprime.
O nada faz sentido, tudo me oprime.
Nada faz sentido, tudo me oprime.
O nada faz sentido, tudo me oprime.
Subscrever:
Mensagens (Atom)